A serra do Cipó é uma região montanhosa que
fica no centro do estado de Minas Gerais, sendo um divisor de água onde, de um
lado nascem rios da cabeceira do rio Doce e do outro lado, rios da cabeceira do
rio São Francisco.
O laboratório de ecologia de Bentos, do
departamento de Biológica Geral da Universidade Federal de Minas Gerais, vem
estudando as cabeceiras de rios no Parque Nacional da Serra do Cipó. O objetivo
é inventariar a biodiversidade aquática das aguas da região por meio dos parâmetros
físicos e químicos. Uma das consequências dos estudos tem sido a utilização dos
macroinvertebrados bentônicos como indicador da qualidade de água. A coloração dos
rios na Serra do Cipó varia de transparente a escura, onde à presença de
composto húmicos resultante da decomposição incompleta da matéria orgânica oriunda
da vegetação terrestre. Devido aos afloramentos rochosos de quartzito ricos em sílica,
os teores de sílica solúvel reativa na água são 50 vezes superiores aos de outros
ambientes aquáticos.
Os profissionais que estudam a ecologia dos
ambientes aquáticos continentais consideram importante para o metabolismo das
algas diatômicas, que crescem aderidas às rochas e ao cascalho no fundo dos
rios. Nesse local também ocorre o desenvolvimento dos musgos e plantas, que são
provavelmente, as principais produtoras primarias autóctones da Serra do Cipó,
isso significa que realizam fotossíntese para obter energia que servem de
alimento para outros organismos das cadeias alimentares aquáticas.
A nascente existente na Serra é típica de
ambiente aquática com ótima saúde ambiental. Em uma pedra de 30 cm é possível encontrar
mais de 50 organismos pertencentes a seis ou sete ordens de inseto aquáticas e
mais de 18 gêneros.
O macroinvertebrados bentônicos tem sido
comumente utilizado como bioindicadores de qualidade de água, ela por sua vez
permite identificar alterações na composição das guildas e também relaciona-las
na mudança da qualidade de água e no substrato, decorrente de fontes poluidoras
e assoreamentos. As guildas utilizam esse recurso de acordo com seu modo de
alimentar que pode ser fragmentador, coletor, raspador, predador ou parasitário.
Fatores relevantes na avaliação dos habitats
aquáticos é a existência dos produtores primários autóctones, que são responsáveis
por converter a energia luminosa em energia de ligações químicas, e por isso
tornam a base das cadeias alimentares aquáticas. Na Serra do Cipó observamos
que o solo tem muitas matérias orgânicas e por isso retém grandes quantidades
de água. A cobertura vegetal da mata ciliar assume importante papel como fonte
de energia somente nos trechos distantes cerca de 2 km das nascentes.
O material orgânico incorporado ao ambiente aquático
e produzido ao longo do curso d’água são decomposto pelos organismos bentônicos.
Na decomposição, os macroinvertebrados fragmentam
os detritos e os microdencompositores transformam moléculas por meio de
oxidação., Nos trechos onde a luz do sol não consegue atingir o leito dos rios,
não acorre o crescimento de produtos primários autóctones e a decomposição da matéria
orgânica torna-se a principal fonte de energia para os organismos locais.
A colonização ocorre por meio de dois
processos, o vôo compensatório ou quando as larvas nadam rio acima, em direção
aos locais onde nasceram este processo é eficaz para manter as populações de
insetos aquáticos.
A alta riqueza de espécie na Serra do Cipó
pode estar relacionada a uma menor disponibilidade de nichos, resultando em
interações como competição, predação e parasitismo.
Em um trecho do córrego Indaiá foi observado às
larvas do inseto Corydalus transportando
em seus segmentos abdominais e brânquias larvas de outro inseto Corynoneura. As larvas da espécie Corynoneura conseguem evitar a predação
pelo próprio Corydalus escondendo-se
no corpo do predador, as larvas consegue desenvolver seu ciclo de vida e também
colonizar novos habitats para os quais são transportadas pelo hospedeiro.
Os estudos têm buscado diferentes abordagens, etodologicas e enfoques para a avaliação da diversidade das comundades de macroinvertebrados bentônicos e sua relação com o meio em que vive.
Nenhum comentário:
Postar um comentário